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Mostrando postagens de 2021

O que você sabe sobre a favela?

Há alguns meses ouvi uma história que me dá náuseas só de lembrar. Uma amiga comentou que na escola particular em que ela estagiava, alunos do sexto ano levantaram uma pauta: a favela. As crianças começaram a falar sobre suas percepções e o que haviam ouvido em casa: - Favela só tem bandido e gente perigosa! - Meu pai disse que na favela o povo morre porque só faz maldade. - Na favela todo mundo passa fome. E a estagiária que estava com a turma naquele período começou a explicar a dinâmica da favela, e que não se tratava apenas de um espaço com criminosos. O problema é que alguns pais fizeram contato com a escola no dia seguinte, porque esse assunto não era pauta para se tratar com crianças. Ainda mais sobre favela, imagina se elas acabam seguindo alguma influência de lá, né? Estamos falando de 2019 e de uma escola tradicional, onde seu público tem dinheiro e é majoritariamente branco. Reforço esse ponto, porque a favela tem cor e nela a cor é alvo. Quando eu era aprendiz em um importa...

Carta aberta sobre o Brasil de 2021

Sei que a ideia é que exista recorrência de textos no blog, e eu abraço essa necessidade. Entretanto, o mundo anda denso, e eu ando digerindo tudo em um tempo mais lento. Leituras com maior pausa, textos com liberdade para acontecer, e um dia de cada vez. Gostaria de falar sobre tantas coisas!  Descrever o movimento mundial contra estatuas ao redor do mundo, e compartilhar que o simbolismo histórico ligado a morte, genocídio e exploração de povos originários estão sendo combatidos. E isso me dá uma curta esperança de que esses símbolos sejam retirados da sociedade em um futuro em que pessoas não sejam presas, indiciadas por vandalismo e marginalizadas.  Ou fazer uma análise sobre como o mercado se aproveita de causas sociais, como o mês do orgulho LGBTQIA+ para fazer representação, ignorando fatores que constroem representatividade. Minha fala não é generalista, mas observar o mercado de trabalho e as demandas sociais colocadas como produto, não fortalecem a causa no combate a...

Meu primeiro MC Lanche

Na última semana estava ouvindo um episódio de janeiro de 2021 do podcast da Nath Finanças, onde ela teve uma conversa muito bacana com a Eliane Dias, empresária dos Racionais. Tenho grande admiração por ambas, mas o que me marcou foi uma fala da Nath Finanças, onde ela relatou que foi ao MC Donald’s apenas quando começou a trabalhar. E logo de cara me identifiquei, porque foi igual para mim. Meus pais não tinham grana para passeios, lanches em shopping ou viagens. A gente vivia na órbita do necessário. Recordo que eu tinha acabado de completar 17 anos, era Menor Aprendiz em um dos maiores bancos do país. No primeiro dia de trabalho me deparei com aquele mar de computadores em um andar vazio na hora do almoço, e eu pensei: um dia terei um em casa também. Foi um misto de emoções aquele processo, porque até então não conhecia pessoas com rotina de viagem para o exterior, ou com pais que haviam tido formação superior. Era um mundo à parte para mim. Meu pai era porteiro, minha mãe aten...

É importante falarmos sobre a sociedade antifeminista

Lembrete: O Pânico na TV e o próprio programa de rádio são rasos na amplitude de assuntos. E escrevo esse texto porque vi as falas da Ana Campagnollo versus Manuela d'Ávilla no programa da rádio em 2020. Lembrando que Ana é uma política do PSL (o antigo partido daquele deputado que se tornou presidente), historiadora e professora da rede pública - apoiadora do Escola sem Partido - que se posiciona como conservadora, religiosa e antifeminista. A pauta sobre feminismo: apesar de não ser meu lugar de fala, peço aqui licença à todas mulheres para falar sobre o movimento. É importante entender em linhas gerais que o feminismo é um movimento que busca equidade de gênero, diferente do contexto religioso, machista, patriarcal que coloca o homem como figura central em todos os espaços. É importante ressaltar que dentro do feminismo existem ramificações, assim como qualquer movimento social, mas isso não enfraquece ou diferencia a motivação de luta de qualquer grupo dessa comunidade. Em ...

Não é novidade, mas pessoas se apaixonam de formas diferentes!

Há quase dois anos não escrevo sobre sentimentalidades aqui no blog, mas uma amiga muito querida disse que gosta que eu escreva sobre minhas pequenas tragédias sentimentais. Segundo ela, eu conto com um tom triste, cômico e quase superado. Então, atendendo ao pedido dela, decidi escrever esse texto. E como estamos tomando um café, vou trazer minha percepção sobre algo que tenho refletido: Pessoas se apaixonam de formas diferentes estando em uma mesma história. E isso é muito lógico, afinal, pessoas são diferentes. O que não pode ser diferente é a reciprocidade, propósito e tesão. Como diz a pensadora contemporânea Marília Mendonça em uma de suas músicas: "Me apaixonei pelo que eu inventei de você." Gosto dessa música, ela traz uma vertente quase nilista. Desacreditada do que o outro realmente é. E isso faz sentido, porque quando a gente se apaixona, tudo se potencializa. A pessoa passa a ser interpretada como a mais bonita, interessante, educada e certamente, a melhor escolha...

Big Brother Brasil, Política e Violência

Em 2020, comecei a acompanhar o Big Brother Brasil por um óbvio motivo: ócio com muito tempo livre na pandemia. Atualmente, acompanho a edição de 2021 através das redes sociais. Entretanto, a participação de Lucas Penteado foi o que me fez prestar atenção no detalhe das falas dos participantes.  Ele sofreu abuso psicológico, foi rejeitado pelo grupo da casa, e por fim, teve sua sexualidade invalidada. O que infelizmente acontece constantemente com outros jovens em diversos espaços. Devido a isso, me aprofundei em uma reflexão sobre a conjuntura atual. E qual o motivo, Almir? Como o Brasil é um país de acordões, colocaram um presidente na Câmara do Deputados alinhado com os interesses pessoais da gestão atual, com a finalidade de alguns partidos ganharem cargos e ministérios. Então, agora será mais fácil seguir com a agenda governamental de Estado Mínino que o país vive desde 2016. O ano em que Temer aplicou o golpe institucional. E é importante se atentar a isso, porque esse fato r...